sábado, 27 de setembro de 2008

De súbito

Amor, então
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski

(há momentos que é melhor deixar quem entende falar...)

4 comentários:

Carla disse...

às vezes acho que transformar em raiva é melhor... mas rima deixa tudo tão mais bonito e aconchegante...
=P

Carla disse...

às vezes acho que transformar em raiva é melhor... mas rima deixa tudo tão mais bonito e aconchegante...
=P

CLARIDÃO disse...

leminski nem entende!
acho que ele só sente, como nós!

CLARIDÃO disse...

Este não foi o ano dos árabes, nem das mesquitas e os mulçumanos. Teve tempo para o todo e tempo para nada. Foi a eleição de um negro, e de um ser humano novo pra uma america unida. Tivemos a natureza mostrando suas garras, afiadas e apocalipticas, tanto aqui no nosso pais como em todo o mundo. Dias de perdas, de pessoas que não resistiram à fúria do sentimento do mundo, e dias de paz e crianças felizes. Não é o tempo de dizer quem é, é o tempo de dizer quem contribui, quem faz, e de lembrar mestres da filosofia, da vida como ela é. O sexo abrupto, do amor escandaloso, das faces desveladas no sopro da ventania que se pôs a falar mais alto do que as palavras de conforto dos homens que não imaginam. Tantos gostos deixaram de existir, tantas mãos não se opuseram em se tocar e amar, mas também o ódio esteve presente nas barbáries que eu sempre falei, nas inconstâncias desmedidas de quem não sabe a que veio. Foi o ano dos feios e suas bem-feitorias malucas, e de seus dizeres boêmios que me valeram mais que trezentos livros. A escura noite prevaleceu, mas como uma luz amparando minha insônia incômoda dos dias que passei só. A escuridão cobriu por muitas vezes a sabedoria de saber a hora de parar, de saber com quem me relacionar e me envolvi nos véus de Maya como uma criança que não sabe que o fogo queima. As tempestades duraram quase uma estação, e eu chorei invernos de lágrimas como tantos outros, pelas imagens que não correspondiam, como pelos sentimentos que não me valiam. A familia mudou, e um homem não é mais o pai, e nem a mulher é mais a mãe, a familia agora tem além de parentesco, sentimento que se sustenta como aço, nesta terra de minérios. Os amigos passaram a não ter nome, desde o dia em que perdemos todas as identidades, mas, os amigos passaram a ser, e isso bastou para que nem tão só nós nos sentissemos. E nesta vida tão marcada, tão fardada ao fracasso, do pó nos fizemos castelos, comportas e janelas escancaradas ao vento, para que todos pudessem entrar, desde ao infimo átomo molecular, até a linda borboleta do jardim ao lado. E não foi fácil perdurar os bons sentimentos, os pensamentos que nos fazem voar sobre os terremotos que a terra há de insitir em nos provar. A música, tão leve, tão moderna ganhou seu encanto nos ouvidos de quem a sentia tão leve, tão familiar, e assim podemos dançar até o momento que a lua se escondeu naquele horizonte tão belo que virou mar. E o dia, os dias foram clarear e raiar o mais belo Sol que ninguém nunca podia imaginar. E de um mundo fez-se o lugar mais fundo, o umbigo do mundo, a vida mais bela, que era verdade pro meu bel prazer! As ternas relações não tinham tempo, e nem nosso segredo era mais intócavel, todos numa só canção para atrair a vida para o âmbito do etéreo, do desfalecer dos sonhos marcados por contrádiçoes. Tem agora um sentido, e se mesmo assim for o não ter sentido, sobrevivemos desde o frio dos alpes, ao calor do magna do centro do planeta. E não nos bastamos na adaptação da vida, nos concretizamos no tempo que não tem razão nenhuma, mas tem toda a força do amor enérgico do mundo.